Nos últimos anos, as apostas online deixaram de ser apenas uma forma de entretenimento para se tornarem um problema crescente na América Latina. De acordo com o relatório “Consumer Pulse Latam 2025”, da Bain & Company, uma parcela significativa da população em países como Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru está enfrentando dificuldades financeiras devido ao vício em jogos de azar. Este fenômeno levanta preocupações sobre o impacto econômico e social das apostas na região.
Especialistas em finanças, como a educadora Aline Soaper, alertam para os riscos associados às apostas online. Ela destaca que muitos jogadores começam a apostar de forma inocente, atraídos por bônus e promoções, mas rapidamente se veem presos em um ciclo de dívidas e perdas financeiras. A sensação de recompensa inicial pode levar a um comportamento compulsivo, onde os jogadores continuam apostando na esperança de recuperar o dinheiro perdido.
Por que as apostas online se tornaram um problema?
O Brasil é um dos países mais afetados pelo aumento das apostas online. Dados indicam que uma parte significativa da população está reduzindo gastos essenciais para poder apostar. O Banco Central estima que, apenas no primeiro trimestre de 2025, cerca de R$ 30 bilhões por mês foram destinados a casas de apostas no país. Este montante poderia ser utilizado para lazer em família ou poupança, mas acaba gerando tensões domésticas e problemas financeiros.
Além das dificuldades econômicas, as apostas online têm consequências sociais e emocionais significativas. Muitos jogadores escondem seu vício de familiares, o que pode levar ao isolamento, ansiedade e depressão. Aqueles que já enfrentam problemas emocionais podem ver nas apostas uma forma de escape, agravando ainda mais sua situação.
A falta de conhecimento financeiro é um dos fatores que contribuem para a adesão ao jogo. Aline Soaper enfatiza que é crucial entender que o jogo não é uma forma de investimento ou renda extra. A educação financeira pode ajudar as pessoas a reconhecerem os riscos associados às apostas e a buscarem alternativas mais seguras e saudáveis para seu lazer e investimento.
Para aqueles que já estão envolvidos com apostas, a recomendação é desinstalar aplicativos de jogos, evitar cartões vinculados e buscar apoio emocional. Em casos mais graves, é aconselhável procurar ajuda médica e orientação de um educador financeiro especializado.
Encontrar formas saudáveis de lazer é essencial para evitar o vício em apostas. A prática de esportes, leitura e convívio familiar são algumas das atividades recomendadas. Além disso, é importante conscientizar a população sobre os riscos das apostas e promover a educação financeira como uma ferramenta de prevenção.
Embora o jogo seja frequentemente associado aos homens, as mulheres também estão se endividando com apostas. Portanto, é fundamental ampliar a conscientização e remover o estigma em torno do vício em jogos de azar, reconhecendo que é um problema que afeta a todos.