BR-381: Por que nenhuma empresa privada quer assumir a rodovia?

O adiamento do leilão para a concessão do trecho mineiro da BR-381, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, revela a dificuldade em atrair empresas privadas para assumir a rodovia. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes confirmaram o adiamento três dias antes da data marcada, citando a falta de propostas como motivo. Esta foi a terceira tentativa de leilão, sendo as anteriores em 2013 e 2022.

O projeto de concessão, apresentado em outubro durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), contemplava melhorias significativas, como 134 quilômetros de duplicação, 43 quilômetros de faixas adicionais, correção de traçado em 152 quilômetros, travessias de pedestres e pontos de ônibus. Apesar da expectativa de geração de 7 mil empregos diretos e indiretos, o leilão não recebeu propostas.

Desafios e Adiamentos na Concessão da BR-381: Por que Empresas Privadas Relutam em Assumir a Rodovia?

A BR-381, conhecida como “rodovia da morte” devido ao alto número de acidentes, registrou 2.151 acidentes entre janeiro e outubro de 2023, resultando em 133 mortes. A rodovia é estratégica para a cadeia produtiva de minério em Minas Gerais, conectando-se ao “Vale do Aço”, onde diversas indústrias estão localizadas.

A infraestrutura precária impacta a região do Vale do Aço, afastando investimentos. Mauro Guimarães, diretor-geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço, destaca a incerteza na estrada como um desafio para atrair recursos. O adiamento do leilão é criticado por Geraldo Salomão, engenheiro metalúrgico, que ressalta não apenas os impactos econômicos, mas também os riscos à vida devido às condições perigosas da rodovia.

A falta de propostas pode ser atribuída à modelagem da concessão, que precisa equilibrar a modicidade tarifária, atraente para usuários, e a rentabilidade para investidores, considerando riscos geológicos e climáticos. Áurea Carvalho, especialista em política ambiental, destaca que eventos climáticos intensos aumentam os riscos para os investidores.

A situação se estende a outras rodovias, como a BR-040, cujo leilão foi adiado para evitar o fim da concessão antes de um novo contrato. A preocupação com os riscos geológicos também influencia a viabilidade de projetos, como na BR-356. A parceria público-privada é vista como uma solução para melhorar as estradas e impulsionar o desenvolvimento econômico. O governo de Minas Gerais, otimista com o programa de parcerias, destaca o sucesso em contratos existentes e aponta para futuras concessões em estudo.

Imagem: Reprodução / MInfra (Alberto Ruy)