Minas Gerais teve número extremamente baixo de mulheres eleitas para comandar prefeituras
A recente eleição municipal em Minas Gerais trouxe à tona uma realidade preocupante: a grande maioria dos prefeitos eleitos em primeiro turno são homens. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), analisados pelo Núcleo de Dados do Estado de Minas, 91,96% dos municípios optaram por gestores do sexo masculino, enquanto apenas 8,04% das prefeituras serão lideradas por mulheres. Esse cenário evidencia uma clara diferença de gênero no cenário político mineiro.
Quando analisamos a questão de raça, a situação não é muito diferente. Os prefeitos eleitos que se autodeclararam brancos representam 65% do total. Os pardos vêm em seguida, com 31% de representatividade, enquanto apenas 2,8% dos eleitos são pretos. Esses números foram gerados a partir da autodeclaração dos próprios candidatos ao TSE, destacando a falta de diversidade racial nas lideranças municipais.
Por que a diversidade nas eleições é importante?
A diversidade nos cargos públicos é essencial para promover uma governança inclusiva e representativa da sociedade. Desde 2022, o TSE implantou medidas para melhorar a distribuição de recursos de campanha, garantindo que o financiamento seja proporcional ao número de candidatos negros. Além disso, votos em candidaturas negras contam em dobro para a distribuição dos fundos de campanha. Essas medidas são importantes para tentar equilibrar o campo de disputa.
No entanto, a implementação dessas políticas enfrenta desafios significativos. A distribuição do tempo de propaganda eleitoral gratuita também deve ser proporcional ao número de candidaturas negras. Porém, a flexibilidade que os partidos têm para gerenciar esse tempo pode levar a desequilíbrios, que precisam ser corrigidos nas semanas seguintes.
Desafios de gestão em Minas Gerais
De acordo com a doutora e pesquisadora em gênero Bruna Camilo, Minas Gerais é um estado conservador, tanto em relação aos costumes quanto à política. Isso cria um ambiente onde superar a visão tradicional de que os homens são mais aptos para a política é um processo lento e desafiador. A presença marcante dos homens na política, especialmente em cargos de liderança, reforça essa percepção conservadora. Para Bruna Camilo, a inclusão das mulheres em cargos de destaque é crucial para o desenvolvimento de políticas abrangentes e inclusivas.
A predominância masculina nas prefeituras mineiras pode ter repercussões em nível estadual e federal, como aponta Bruna Camilo. Atualmente, apenas 18% da Câmara dos Deputados é composta por mulheres, e em Minas Gerais essa sub-representação é ainda mais significativa. Se a tendência atual continuar, o impacto poderá ser sentido nas eleições de 2026, com possível estagnação na representatividade feminina em cargos de alto escalão.
Existem várias maneiras de mitigar esses desafios e melhorar a diversidade na política. Algumas estratégias incluem:
- Aumentar o apoio institucional a candidaturas de mulheres e minorias raciais.
- Promover campanhas educacionais para ampliar a conscientização sobre a importância da diversidade política.
- Garantir a aplicação rigorosa das políticas de distribuição de financiamento de campanha proporcionais.
Essas ações são fundamentais para criar um cenário político mais equilibrado e justo, refletindo melhor a composição diversa da sociedade brasileira.