Idioma próprio? Conheça o dialeto criado por cidade do interior de Minas Gerais

Durante o animado carnaval de São João Nepomuceno, uma cidade mineira, um dos maiores blocos, o Bloco do Barril, atrai a atenção dos foliões com uma música peculiar. A marchinha, que começa com “Franele josué/ cataguais marmito/ pompeu combutá maroida”, é cantada com entusiasmo, mas poucos compreendem seu significado. Isso se deve ao uso do dialeto local conhecido como “Pompeu e godê”, criado por Flávio Ferraz, um nativo da cidade.

Embora não seja oficialmente reconhecido como uma língua, o “Pompeu e godê” é considerado o idioma informal de São João Nepomuceno. Surgido na década de 1960, esse dialeto foi transmitido de geração em geração, sendo utilizado para diversas finalidades, desde compartilhar segredos até fazer comentários discretos sobre pessoas nas ruas.

Como surgiu o dialeto “Pompeu e godê”?

A origem do “Pompeu e godê” é incerta, mas acredita-se que tenha nascido como uma forma de comunicação lúdica entre os moradores de São João Nepomuceno. Durante os anos 1960, o dialeto começou a se espalhar pela cidade, sendo adotado por grupos de amigos e familiares. Essa forma de expressão permitia que os habitantes conversassem de maneira discreta, especialmente em situações em que não queriam ser compreendidos por estranhos.

O dialeto é composto por palavras e expressões únicas, muitas vezes criadas a partir de combinações sonoras que não possuem significado literal. Isso torna o “Pompeu e godê” um verdadeiro enigma para aqueles que não são familiarizados com ele, mas uma rica tradição cultural para os locais.

Apesar de ser uma criação relativamente recente, o “Pompeu e godê” continua a ser uma parte importante da identidade cultural de São João Nepomuceno. Ele é passado de geração em geração, mantendo viva uma tradição que une os moradores da cidade. Além disso, o dialeto serve como uma forma de resistência cultural, preservando uma maneira única de comunicação em um mundo cada vez mais globalizado.

O uso do “Pompeu e godê” em eventos como o carnaval demonstra sua relevância contínua. A música composta por Flávio Ferraz é um exemplo de como o dialeto pode ser incorporado em manifestações culturais, fortalecendo o senso de comunidade e pertencimento entre os são-joanenses.