População de Belo Horizonte vivendo em áreas de risco gera preocupação

Um estudo conduzido pelo governo federal revelou que Belo Horizonte está entre os dez municípios com maior número de áreas de risco, suscetíveis a deslizamentos de terra, inundações e outras calamidades.

De acordo com essa pesquisa, a capital de Minas Gerais abriga aproximadamente 390 mil pessoas em regiões vulneráveis, representando 17,1% da população local. No âmbito nacional, esse índice chega a quase 9 milhões de pessoas.

Belo Horizonte: Desafios e Alternativas para Enfrentar a Vulnerabilidade Urbana

Além disso, dos 1.942 municípios no país identificados com pontos de risco elevado para desastres naturais, 283 estão em Minas Gerais, o que corresponde a cerca de um terço de todas as cidades do estado. Isso coloca Minas Gerais no primeiro lugar no ranking nacional nesse quesito.

A professora Jupira Gomes de Mendonça, do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta diversos fatores para explicar essa situação na capital mineira, incluindo a topografia local. Além disso, ela destaca a diminuição das políticas habitacionais e de urbanização de áreas informais como causas dos altos índices de vulnerabilidade.

A história do problema remonta à fundação da cidade, marcada por uma distribuição desigual de terras, ressalta o economista João Vitor Leite Rodrigues. As desigualdades econômicas e sociais também contribuem para que muitas famílias se vejam obrigadas a se instalar em áreas de risco.

Belo Horizonte conta com o Programa Estrutural em Área de Risco (Pear) há três décadas, considerado uma referência nacional em monitoramento e enfrentamento do risco nessas áreas vulneráveis. No entanto, para Jupira Gomes de Mendonça, sem investimento adequado, o Pear não é suficiente para prevenir desastres, especialmente considerando a escassez de recursos durante o governo Bolsonaro.

Entre as alternativas para enfrentar esse cenário, além de retomar políticas de urbanização, a professora destaca a necessidade de reavaliar os cursos d’água da cidade, elaborar planos de intervenção contra inundações, conscientizar a população sobre práticas que impermeabilizem o solo e planejar ações para enfrentar as mudanças climáticas.

Para João Vitor Leite Rodrigues, investir em políticas públicas de habitação e redistribuição de renda é crucial, especialmente para as famílias de baixa renda que ocupam essas áreas vulneráveis. Sem uma abordagem vigorosa nesse sentido, o problema continuará persistindo.

Imagem: Reprodução/WikiMedia