Estudo revela índice preocupante de fome no Rio de Janeiro

O cenário de insegurança alimentar no Rio de Janeiro é alarmante, afetando milhares de famílias nas diversas regiões da cidade. Essa realidade foi evidenciada por um estudo recente, o primeiro do tipo em uma metrópole brasileira, lançado em parceria pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e a Frente Parlamentar Contra a Fome e a Miséria da Câmara Municipal do Rio.

Os dados revelam que a fome atinge 7,8% dos domicílios no Rio de Janeiro, colocando mulheres negras, pouco escolarizadas e trabalhadoras do setor informal como as principais afetadas. Este panorama coloca a cidade em uma situação de emergência social, onde a ação imediata se faz necessária para reverter essa crise.

Quem são os mais afetados pela fome no Rio de Janeiro?

Segundo o relatório, a fome extrema concentra-se principalmente nas áreas mais pobres de bairros como Penha, Madureira e nos complexos do Alemão, da Maré e Jacarezinho. A pesquisa aponta que, neste contexto, cerca de meio milhão de pessoas não têm acesso a alimentação adequada diariamente, alimentando-se apenas uma vez por dia ou até passando um dia inteiro sem comer.

Como foi realizada a pesquisa sobre insegurança alimentar?

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas com duas mil pessoas, representando suas famílias, entre novembro de 2023 e fevereiro deste ano. Essa metodologia dividiu a cidade nas chamadas Áreas de Planejamento (APs), que ajudam a entender a disposição geográfica e social da fome na metrópole. O estudo levou em consideração informações do último censo do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

A professora e pesquisadora Rosana Salles, do Instituto de Nutrição da UFRJ, enfatiza a necessidade de políticas públicas mais eficazes. Ela aponta que é vital avaliar a suficiência dos programas atuais para combater a fome. Atualmente, os três restaurantes populares situados em Bonsucesso, Bangu e Campo Grande atendem apenas 6,9% da demanda populacional. As cozinhas comunitárias e o Programa Prato Feito Carioca, de agosto a outubro de 2023, alcançaram somente 2,1% dos moradores.

Outro aspecto crítico revelado pela pesquisa é a insegurança hídrica. Quinze por cento dos lares na cidade não tiveram fornecimento regular de água potável, situação que agrava ainda mais o quadro de insegurança alimentar, afetando principalmente as famílias que já enfrentam a fome.