Em 2023, Minas Gerais registrou o segundo maior número de crianças e adolescentes trabalhando, de acordo com dados recentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Um total de 326 casos de exploração infantil foram identificados no estado, ficando atrás apenas do Mato Grosso do Sul, que teve 372 casos.
No entanto, esses números são apenas a ponta do iceberg, como revela o estudo “O trabalho infantil no Brasil” do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.
Desafios na Erradicação do Trabalho Infantil
Em 2019, estimava-se que 288.358 menores estivessem trabalhando em Minas Gerais, enquanto em todo o país esse número chegava a 1,9 milhão em 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destacando a ineficácia das medidas de “resgate” adotadas pelo MTE diante da magnitude do problema.
Um exemplo dessa realidade pode ser observado em um semáforo próximo ao bairro Cidade Industrial, em Contagem, onde Pedro, de 15 anos, passa sete horas por dia vendendo balas, chicletes e paçocas para clientes em busca de uma renda extra.
Ele relata que se mudou para lá há um mês, pois não estava conseguindo ganhar muito dinheiro em seu bairro de origem. A situação se repete com João, de 12 anos, que há um ano começou a vender balas nas ruas para ajudar no sustento da família.
Essas crianças e adolescentes enfrentam não apenas dificuldades financeiras, mas também a perda precoce da inocência e o risco para sua saúde física e emocional, como aponta Elvira Cosendey, coordenadora do Fórum de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil. Ela destaca que muitas dessas crianças acabam se envolvendo em situações perigosas, como o uso de drogas e até mesmo o envolvimento com o tráfico.
Para combater essa realidade, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realiza fiscalizações e conta com o apoio de diversas instituições, como a Polícia Militar e o Conselho Tutelar.
No entanto, Carlos Calazans, superintendente do MTE em Minas Gerais, ressalta que a participação da população é fundamental para denunciar casos de trabalho infantil. Ele destaca a importância de garantir que as crianças estejam na escola e recebam os cuidados necessários para se tornarem adultos saudáveis no futuro.
Imagem: Reprodução/Estado de Minas